Ergo meus olhos vagos na distância
Da sombra do meu Ser...
Pairam de mim Além, e a minha Ansia
Cansa de me viver.
Meus olhos espectraes de comoção,
Olhos de Alma olhando-se a Si,
Nimbam de luz a longa escuridão
Da Vida que vivi.
Auréola de Dôr que finalisa
Na noite de abysmo do meu nada,
Silencio, preço, comunhão sagrada,
Sonho de luz em ti me divinisa,
Tortura do meu fim,
Alma ungida
E perdida
Na grandeza de Si. E já sem ver-me,
Maceração crepuscular de Mim,
Agoniso de ser-me.
Lisbo - 1914
Cortes -Rodrigues
Revista Orpheu