Sábado, 25 de Agosto de 2007
Psicologia Barata?

Aqui à dias enquanto procurava algo na televisão que merecesse a minha atenção demorei-me alguns minutos num determinado programa da manhã em que se abordava o famoso tema Madelain McCan e a problemática da morte explicada às crianças.

Segundo o psicólogo  convidado a idade a partir da qual as crianças devem acompanhar um enterro ou funeral situa-se nos 14 anos. Fiquei perplexa!! Mas que raio... Com 10 já se pode explicar às crianças o que é sexo mas não é “aconselhável” do ponto de vista psicológico deixar a criança acompanhar um enterro!

Discordo completamente deste profissional. Actualmente é tudo traumatizante para as crianças: se levam uma palmada com razão ficam traumatizados; se vão a um enterro ficam traumatizados; se vêem notícias na televisão de catástrofes naturais, desaparecimentos, etc ficam traumatizadas... É ridículo! A culpa é dos pais que não sabem desempenhar a sua função sem recorrer à opinião de psicólogos.

Em pequena levei muitas palmadas, todas com razão absoluta por parte dos meus pais e não morri, não estou traumatizada, sou uma rapariga completamente normal, não me drogo, tenho óptimas notas e uma vida invejada por muitos. Não sou menina mimada e se algum dia for mãe com certeza seguirei a educação dada pela minha mãe que felizmente se tem verificado dá melhores resultados que a aconselhada pelos psicólogos.

Fui pela primeira vez a um funeral com pouco mais de 5 anos. Era o funeral da minha avó que morrera em casa. Fui visita-la a casa dei um beijo na testa, fui ao velório, passei a noite ao lado do caixão e do corpo, vim para casa com os meus pais. No dia seguinte, fiz a viagem de hora e meia na carrinha funerária juntamente com as minhas quatro tias e a minha mãe porque quis. Fiz birra até que me deixassem ir com eles e fui a única de vinte netos que o fez. Não fiquei traumatizada, bem pelo contrário. Considero que é um descanso e um alívio para a criança ver onde está o corpo e  o que lhe vai acontecer. Se não pensem... Como é que se deve sentir uma criança cujo pai ou mãe faleceu e que lhe é dito ‘Olha ele(a) foi-se embora e não volta mais.’ Foi para onde? Onde é que está? Que lhe fazem? Ainda por cima as crianças que tem tendência a ficar sempre de pé atrás e a desconfiarem do que lhes é dito.

Mais recentemente presenciei o enterro de um primo. A sua filha não faltou ao enterro. Aliás fez-se questão que ela visse onde foi enterrado o pai. Não sou perita mas acho que ela não ficou traumatizada, seguiu a sua vida e é agora uma criança completamente normal. 

Não percebo este tabu da nossa cultura e de tantas outras à morte se afinal de contas é das poucas certezas que temos na vida. Fazem dela um ‘bicho de sete cabeças’ quando se deve encarar de forma natural, embora não arbitrária nem de ânimo leve.

 

ßy  Aηα M.


sintomo-nos:

publicado por **** às 16:25
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De Sophia (do Flip Side) a 25 de Agosto de 2007 às 17:37
1º - já sabes a minha opinião à cerca da sanidade mental dos psicólogos ... para mim todos os professores de desenho e psicólogos tem d ser malucos
2º - Acho que demoramos demasiado tempo a reflectir se algo pode ou não ser traumatizante e deixamos durante esse tempo todo a criança à espera... ISSO é que pode causar um grande trauma!
3º - Concordo em contar a verdade às crianças... nunca ninguém me contou a história das cegonhas quando era miúda e perguntava de onde vinham os bebés e não fiquei traumatizada ou se fiquei sou uma traumatizada feliz (na verdade normalmente não diziam nada, mas ia procurar na biblioteca que tenho em casa que vai dar ao mesmo)
Da mesma maneira deve explicar-se o que é a morte (se é que nós mesmo saberemos o que é), dizer-se para onde vai o corpo... pessoalmente nunca fui a um funeral, mortes na família só foram duas: a do meu avô materno aos meus sete anos e a da minha avó paterna à coisa de meses. Não fui ao 1º porque não me deixaram (acho que não foi tanto por ver o corpo, pois passei toda a noite anterior no velório de caixão aberto, mas para não ver ninguém chorar) e ao 2º porque não sendo em Lisboa, tendo de cuidar do meu irmão e estando perto dos exames optei por não ir.
Damos demasiada importância ao rito funerário... acho que da mesma forma que teria idade suficiente para ir ao 1º e para compreender, a minha avó não se importou pela minha ausência e a compreenderia.

Enfim... acho que, se reflectíssemos um pouco, resolveríamos nós os problemas autonomamente, poupávamos dinheiro e tempo! Mas não digam isso a ninguém ou os psicólogos ficam sem clientela ... a psicologia pode ser barata, mas os psicólogos são bem CAREIROS...


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